FILOSOFIA, METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO E MODELO EDUCATIVO

A filosofia de intervenção das equipas privilegia uma holística, interdisciplinar e individualizada, com objetivos de promover um desenvolvimento global e harmonioso da criança ou jovem e a integração social com autonomia, responsabilidade e participação.

A OSJ definiu como princípios da sua ação os seguintes pressupostos que, posteriormente, se traduzem em objetivos gerais e específicos:

Interdisciplinaridade – Importa aqui clarificar a adoção de uma filosofia de intervenção educativa global e contextualizada, bem como a intervenção esperada dos diferentes profissionais que integram a OSJ, presentes diariamente no acompanhamento às crianças e jovens que se traduz numa intervenção educativa mais segura, coerente, eficiente e eficaz. Todo o trabalho desenvolvido tende a assegurar a capacidade de organização, de planeamento e de avaliação indispensáveis à execução cabal da medida de “Acolhimento Residencial”. Um trabalho que se pauta pela ação em equipa, articulado e contextualizado às caraterísticas das crianças e jovens acolhidos. Desta forma, proporcionando-se à criança e jovem o desenvolvimento de uma postura de atuação e participação responsáveis, de acordo com as suas especificidades. Para além de todos os contactos informais, registam- se, ainda, as reuniões periódicas, os contactos com os Gestores de Caso Externos. O momento da Roda, que se carateriza por um encontro informal diário de, sensivelmente, trinta minutos antes do jantar, é um espaço privilegiado que potencia a participação ativa de toda a comunidade educativa, que assume lugar de relevo nas dinâmicas da casa, fomentando a vivência de relações mais próximas, onde são partilhadas alegrias, tristezas, problemas e anseios. Por outro lado, é também um momento no qual os colaboradores sensibilizam às crianças e jovens para a importância da vivência de um conjunto de experiências, normas e atitudes fundamentais para um crescimento integral de todos e cada um dos elementos da comunidade.

Participação ativa – No âmbito do Projeto Educativo da OSJ todos os intervenientes são atores educativos, com ação, vez e voz, a partir da função específica de cada um. O pessoal auxiliar e administrativo coopera para os grandes objetivos educativos, ao assegurar as melhores condições de habitabilidade e pelo contacto responsável e próximo com cada criança ou jovem. O conhecimento e participação no Projeto Educativo e, bem assim, dos vários momentos de relevo da vida da Casa constituem um contributo significativo para um maior empenho nas tarefas executadas. Além disso, promove-se, sempre que possível, o envolvimento, participação e (co)responsabilização da família da criança ou jovem nos assuntos que lhes dizem respeito, garantindo e promovendo, desta forma, o que está plasmado no art.o 12 da Convenção dos Direitos da Criança e na Lei 142/2015 de 8 de setembro, Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo.

Intervenção articulada com as famílias – Sendo a família uma das principais instituições sociais, é essencial que cumpra as suas funções mais elementares. Não obstante, muitas não estão em condições de cumprir essas funções, concretamente proporcionar um crescimento integral dos seus filhos. Por isso, em casos extremos, é necessário retirar as crianças ou jovens do seu meio familiar e integrá-las em casas de acolhimento. Cumpre à OSJ e aos serviços competentes acompanhar o maior número de famílias com o objetivo de, tão rápido quanto possível, elaborar um plano de intervenção sustentado para que a criança e jovem permaneça no lar o menor tempo e, assim, promover a sua (re)integração familiar. Há motivos fortes para apostar neste processo e uma das razões pertinentes para uma intervenção com as famílias é o contacto cada vez mais crescente das crianças/ jovens com as mesmas, sempre que existem condições ajustadas para tal. Outra razão, não menos importante, é o facto, evidenciado ao longo dos últimos cinco anos, da maioria dos educandos acolhidos, ao cessarem o seu acolhimento, voltarem ao seio da família.

A OSJ pretende de cada família a máxima colaboração possível para que os objetivos vertidos neste Projeto Educativo sejam concretizáveis. Neste sentido, os contactos formais e informais mantidos, quer no Lar quer na residência da família situam-se nesta perspetiva. De referir, ainda, que a OSJ há já alguns anos a esta parte e com o apoio da Universidade do Minho e Universidade Católica procura fomentar o envolvimento familiar no desenvolvimento integral da criança/jovem, implementando estratégias de promoção de competências parentais e da responsabilidade compartilhada.

Projeto Famílias Amigas – As vivências familiares são importantes para o crescimento integral de cada criança/jovem. Nesse sentido, e atendendo ao crescente número de crianças e jovens acolhidos com retaguardas familiares frágeis ou inexistentes e a necessidade de fomentar ainda mais os valores inerentes às vivências familiares, está a implementar-se o projeto das Famílias Amigas. Para a sua implementação foi definido e implementado um processo, com um conjunto de etapas a seguir, nomeadamente no que concerne ao processo de seleção de famílias amigas candidatas. Neste âmbito, e inserido no manual da qualidade, elaborou-se a instrução de trabalho respetiva – Seleção de Famílias Amigas. Atualmente, um jovem encontra-se integrado numa família amiga, mas pretende-se alargar o âmbito de ação a um maior número de crianças e jovens do Lar.

Construção de Apartamentos para acolhimento misto – Como forma de potenciar os laços familiares e evitar a separação de irmãos, a OSJ irá, ao longo deste triénio, levar a efeito a construção de três apartamentos que viabilizem um acolhimento de mais e melhor qualidade para as crianças/jovens de ambos os géneros.

Autonomia – a Instituição trabalha no sentido de dotar as crianças e jovens de um conjunto de competências promotoras de maior autonomia nas suas práticas e vivências quotidianas. Este trabalho procura ser sempre ajustado à idade e caraterísticas das crianças e jovens. A este nível pretende-se construir progressivamente um modelo baseado: (i) no atendimento individual das crianças e jovens e no desenvolvimento das suas competências (sociais, educativas, culturais, éticas e profissionais); (ii) no desenvolvimento de processos de pré- autonomização (direcionados a todas as crianças e jovens com especial incidência a partir dos 12 anos); (iii) na promoção de processos de transição para a vida pós-institucional através do Apartamento de Autonomização. Há igualmente uma consciencialização crescente e o desenvolvimento de culturas e práticas profissionais, de toda a comunidade educativa, do papel ativo e fundamental na promoção de competências de autonomia.

Promoção do sucesso educativo – No que diz respeito ao processo de ensino- aprendizagem, promove-se a integração das crianças e jovens em equipamentos escolares da comunidade envolvente, bem como em todas as atividades escolares complementares dinamizadas interna e externamente. Há um técnico responsável por cada criança ou jovem, que procura acompanhar e fazer a supervisão individualizada do processo de aprendizagem, mormente através de diagnóstico das necessidades educativas; apoio escolar; articulação contínua com o estabelecimento de ensino, nomeadamente com os diretores de turma/coordenadores de curso. É feito, ainda, o diagnóstico dos interesses e necessidades formativas, especificamente através de atividades de orientação vocacional e de encaminhamento para cursos de educação e formação disponíveis nas escolas profissionais da cidade e de acordo com os interesses, motivações e aptidões vocacionais dos jovens.

Voluntariado – As crianças e jovens acolhidos beneficiam do apoio de vários voluntários. Este serviço é fundamental para o acompanhamento personalizado dos educandos com mais dificuldades, especialmente no que respeita à componente escolar. No entanto, há, também, voluntários que colaboram nas atividades lúdico-recreativas, nomeadamente no Grupo de Teatro e no Grupo de Música, Culinária, Clube de Futebol, Rugby, Andebol, Ginástica, Catequese e Plataforma de Animadores Socioeducativos e Culturais (PASEC). A OSJ disponibiliza um coordenador deste setor para que os voluntários façam uma integração ajustada na comunidade. Existe uma Ficha Individual do Voluntário e uma ficha de registo da assiduidade. Importa referir que, relativamente à caraterização destes voluntários, podemos afirmar que são oriundos de diversos setores da sociedade civil: estudantes universitários, professores, cabeleireiros, reformados, estudantes do secundário, entre outros. A maioria dos voluntários colabora com a OSJ há já bastantes anos, o que se reflete no trabalho de continuidade, que acaba por ser mais profícuo.

Valores – A OSJ procura para cada criança/jovem uma educação e crescimento integrais. Ora, aqueles só serão alcançados com a dinamização e vivência de um conjunto de valores estruturantes de toda e qualquer pessoa, tais como: a amizade, a justiça, o respeito, a compreensão, a honestidade, a partilha, a solidariedade, a aprendizagem, o perdão, a coragem, a determinação, a dedicação, a responsabilidade, o acreditar em si próprio, a imaginação, a autodisciplina, entre outros. Por outro lado, procurar-se-á desenvolver um manual de boas práticas no que respeita ao saber-estar e ao saber-ser.

Relação com a comunidade – O sucesso da intervenção será tanto mais eficaz quanto a interação com a comunidade envolvente. A integração de serviços da comunidade tem como objetivo fornecer um sistema coerente de atividades para resolver os problemas que se levantam nos domínios da saúde, educação e da segurança social, coordenando esforços, de forma a encontrar soluções para os múltiplos problemas que surgem nesta área. A OSJ procura garantir o acesso de todas as crianças e jovens aos serviços e equipamentos da comunidade, nomeadamente a clubes desportivos, recreativos e culturais, tendo sempre em atenção a sua faixa etária e os seus gostos e interesses. Por outro lado, importa também referir que a comunidade revela um conhecimento e envolvimento crescentes na missão da OSJ.

Constituição da Equipa Técnica

Serafim Gonçalves, Pós-Graduação em Estudos da Criança, Licenciatura em Teologia, Diretor Técnico

Mafalda Silva, Mestrado em Psicologia, Psicóloga

Edson Luís, Pós-graduação em Intervenção Socioeducativa com Crianças e Jovens em Risco/Perigo, Assistente Social

Constituição da Equipa Educativa

Carlos Santos, Licenciatura em Teologia e Licenciatura em Educação, Educador Gomes, Licenciatura em Teologia, Educador
Rosa Duarte, Licenciatura em Educação, Educadora
João Pinheiro, Licenciatura em Filosofia, Educador

Hélder Apóstolo, Licenciatura em Direito e em Teologia, Educador Liliana Rodrigues, Mestrado Integrado em Psicologia, Educadora Cecília Oliveira, Licenciatura em Educação, Educadora
Ana Arriscado, Licenciatura em Animação Socioeducativa, Educadora Maria Fernandes, 9o ano, Auxiliar de Ação Educativa

Ana Ferreira, Mestrado Integrado em Psicologia, Educadora Social. Ricardo Oliveira, Licenciado em Humanidades, Educador

Constituição da Equipa de Apoio

Maria Fernandes, 6o ano, Equipa de Apoio Maria Oliveira, 6o ano, Equipa de Apoio Maria Cunha, 9o ano, Equipa de Apoio Vânia Ferreira, 9o ano, Equipa de Apoio